Uma das coisas certas da vida é a morte, mas as nossas vidas são absurdas, na medida em que vivemos na certeza de que um dia serão ceifadas pela morte.O reavivar do interesse pelo tema da morte, que atravessa diversos campos do saber, revela a sua articulação nas diferentes áreas históricas e culturais, dando a conhecer os aspectos universais da morte e do morrer.
Mas o interesse pela morte não se deve limitar ao âmbito académico e profissional. Na verdade, a natureza da morte, bem como a própria realidade da morte e do morrer, têm sido considerados como estando na base da cultura, remetendo para a estruturação da própria vida.
Se encararmos com exactidão, teremos de reconhecer a ausência de sentimento da esperança, e que è inevitável que as nossas vidas terminem no nada. É inevitável que todos morramos um dia, o que faz da contemplação da morte um exercício que diz respeito a todas as pessoas.
A uma dada altura da vida, a pessoa tem de se confrontar com a morte, quer com a sua quer com a dos seus entes queridos. É nesta altura que a contemplação da morte pode conduzir a uma reflexão profunda sobre a sua inevitabilidade e sobre o processo de morrer.
A minha morte representa o fim das minhas possibilidades, o completo colapso e o fim do meu mundo. A nossa morte é diferente da morte dos outros.
O acto de morrer pertence à pessoa que está a morrer, e aqueles que permanecem vivos não podem experienciar a perda do ser que está a acontecer a essa pessoa. Só podemos estar junto da pessoa, mas não podemos ser essa pessoa. Assim, de certa forma, todas as pessoas morrem sozinhas.
A questão que obviamente se levanta muitas vezes, é se, perante a falta de sentido da vida, devemos cometer suicídio. Olhamos para o mundo procurando sinais da existência de sentido, mas o mundo permanece silencioso, o que fazer?? O suicídio aceita o absurdo como final e universal. Não somos obrigados a condicionar o nosso futuro devido à omnipresença da morte e a experiência do absurdo permite-nos experimentar, em simultâneo, a nossa condição se seres únicos, dignos e livres.
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