
Frequentemente, argumenta-se que, se deus não existe, se não existe a imortalidade, a vida é absurda. Camus(1955) apresenta muito bem esta ideia, contrastando o modo como gostamos de encarar o mundo (ordeiro, moral, e racional) com a realidade de um mundo frio e insensível. Nagel (1971) enfatiza este ponto ao observar que empenhamos imensos cuidados e esforços nos nossos projectos, apenas para descobrir que os resultados podem ser decepcionantes e que, a longo prazo, nem sequer existem resultados, uma vez que acabamos por morrer. Este tipo de percepção cria frequentemente uma situação em que o suicídio se apresenta como uma solução tentadora. Porém, muitos filósofos criticam esta ideia por não considerar, com seriedade suficiente, a necessidade de desenvolvermos uma atitude audaz, apesar do absurdo da nossa situação. Ou seja, o facto de os nossos projectos poderem resultar em nada não implica necessariamente que deixemos de tentar realizá-los, pois não deixa de ser excitante tomar a decisão de fazer alguma coisa, apesar de se saber que o fim último da acção é transitório. Para muitos existencialistas, o reconhecimento do absurdo é isto mesmo: percebe-se a futilidade da acção e, ao mesmo tempo, age-se como se continuar a agir ou parar de agir fosse igualmente absurdo, e, no caso do suicídio, deixar de agir de todo.
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