terça-feira, 14 de agosto de 2012
Português Moderno
A NOVA LÍNGUA PORTUGUESA
Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!
As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas domésticas" e preparam-se agora para receber a menção ainda mais moderna de "auxiliares de apoio doméstico" .
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os contínuos que passaram todos a "auxiliares da acção educativa" - mais alguns anos e são "Assistentes Operacionais" .
Os vendedores de medicamentos , com alguma prosápia, tratam-se por "delegados de informação médica."
E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".
O aborto eufemizou-se em "nterrupção voluntária da gravidez"
Os gangs étnicos e multirraciais são "grupos de jovens"
Os operários fizeram-se de repente "colaboradores"
As fábricas , essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas do estrangeiro são "centros de decisão nacionais".
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia" galopante.
Desapareceram dos comboios a 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperiosas necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes " Conforto" e "Turística"
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...»; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental ...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade galopante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas, traquinas; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo"
Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas ou burros ; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável"
Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...)
As putas passaram a ser "senhoras de alterne" ou "acompanhantes" ou ainda "acompanhante de luxo"
E ao aumento despudorado de impostos passou a chamar-se "exigência de maior esforço financeiro"
E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este "novo português", não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma "politicamente correcta".
E falta ainda esclarecer que os tradicionais "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos "...
Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa"
Os pretos passaram a ser "pessoas de cor".
O mongolismo passou a designar-se "síndroma do cromossoma 21".
Os gordos e os magros passaram a ser "pessoas com disfunção alimentar" .
Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação"
Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são " pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos "
Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial ", foi substituído por " estar de consciência tranquila ".
O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra " sistema ".
Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de complicado .
Assim vão os dias da modernidade!!!
Marcadores: Anti-Moderno, Modernidade
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