“- O verdadeiro patriotismo, talvez – disse ele -, seria, em lugar de corridas, fazer uma boa tourada. Damâso levou as mãos à cabeça. Uma tourada! Então o Sr. Afonso da Maia preferia touros a corridas de cavalos? O Sr. Afonso da Maia, um inglês!...- Um simples beirão, Sr. Salcede, um simples beirão, e que faz gosto nisso; se habitei a Inglaterra, é que o meu rei, que era então, me pôs fora do meu país... Pois é verdade, tenho esse fraco português, prefiro touros. Cada raça possui o seu sport próprio, e o nosso é o touro: o touro com muito sol, ar de dia santo, água fresta e foguetes... Mas sabe o Sr. Salcede qual é a vantagem da tourada? É ser uma grande escola de força, de coragem e de destreza... Em Portugal não há instituição que tenha uma importância igual à tourada de curiosos. E acredite uma coisa: é que se neste triste geração moderna ainda há em Lisboa uns rapazes com certo músculo, a espinha direita e capazes de dar um bom soco, deve-se isso ao touro e à tourada de curiosos...”
- Eça de Queirós, Os Maias