Dois portugueses chegam a um país africano, para criar uma empresa.
São amigos. Um é ex-desertor e exilado, adversário coerente (e corajoso) das antigas guerras ultramarinas. O outro foi combatente nas ditas.
Os interlocutores, velhos guerreiros, ouvem com atenção.
O primeiro empresário fala do passado "antifascista" e "anticolonialista". Silêncio educado dos convivas, que conhecem a história.
O segundo explica que lutou na selva, nos rios, na lama, no inferno, na solidão trágica dos combatentes, "meninos de sua mãe". Aplausos. Abraços apertados dos ex-inimigos. Gritos de júbilo, libações.
É de desesperar um militante contra os trangénicos, mas a favor da canábis (os primeiros alteram a espécie, o segundo é da esfera pessoal).
Ou contra a tortura dos animais (que são vida), mas a favor do aborto (onde não há vida).
Ou contra o façanhudo SIS, a nova "PIDE", mas a favor do Trostky, que inventou a policia política moderna.
Nuno Rogeiro in Sábado
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Histórias Politicamente Incorrectas
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