terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sobre a morte e o morrer

Uma das coisas certas da vida é a morte, mas as nossas vidas são absurdas, na medida em que vivemos na certeza de que um dia serão ceifadas pela morte.
O reavivar do interesse pelo tema da morte, que atravessa diversos campos do saber, revela a sua articulação nas diferentes áreas históricas e culturais, dando a conhecer os aspectos universais da morte e do morrer.
Mas o interesse pela morte não se deve limitar ao âmbito académico e profissional. Na verdade, a natureza da morte, bem como a própria realidade da morte e do morrer, têm sido considerados como estando na base da cultura, remetendo para a estruturação da própria vida.
Se encararmos com exactidão, teremos de reconhecer a ausência de sentimento da esperança, e que è inevitável que as nossas vidas terminem no nada. É inevitável que todos morramos um dia, o que faz da contemplação da morte um exercício que diz respeito a todas as pessoas.
A uma dada altura da vida, a pessoa tem de se confrontar com a morte, quer com a sua quer com a dos seus entes queridos. É nesta altura que a contemplação da morte pode conduzir a uma reflexão profunda sobre a sua inevitabilidade e sobre o processo de morrer.
A minha morte representa o fim das minhas possibilidades, o completo colapso e o fim do meu mundo. A nossa morte é diferente da morte dos outros.
O acto de morrer pertence à pessoa que está a morrer, e aqueles que permanecem vivos não podem experienciar a perda do ser que está a acontecer a essa pessoa. Só podemos estar junto da pessoa, mas não podemos ser essa pessoa. Assim, de certa forma, todas as pessoas morrem sozinhas.
A questão que obviamente se levanta muitas vezes, é se, perante a falta de sentido da vida, devemos cometer suicídio. Olhamos para o mundo procurando sinais da existência de sentido, mas o mundo permanece silencioso, o que fazer?? O suicídio aceita o absurdo como final e universal. Não somos obrigados a condicionar o nosso futuro devido à omnipresença da morte e a experiência do absurdo permite-nos experimentar, em simultâneo, a nossa condição se seres únicos, dignos e livres.

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